Transcrição #1 - Diniz Dias Filho
- João Victor Costa Dos Santos
- 4 de abr.
- 3 min de leitura
Esta postagem receberá as transcrições de textos de diversos jornais e edições, seja textos de opinião, informativos ou comerciais, em que se tenha apontado a autoria como sendo de Diniz Dias (Não confundir com Diniz Rodrigues Dias, barão de São Jacó). É uma postagem em constante expansão e as transcrições respeitarão a grafia de maneira fiel.
Última inclusão em: 04/04/2025
Texto "Tribuna do Povo - Aos meus concidadãos", retirado da Edição 42, Anno IV, do Jornal "Cruz Alta - Orgam do partido republicano".
Transcrição:
Ultimamente, a "Reforma.., o orgam do partido politico ao qual consagrei, pela mão de meu venerando e saudoso P. (ilegível), todas as minhas energias de moço e ardorozo lutador, tem agrasalhado em suas columnas o despejar incessante da billes de um desafecto anonymo que tem procurado marenar-me a reputação de homem e de partidario.
Não fôra o curso e agasalho que esse jornal tem dado a semelhantes diatribes, deixaria o meu calumniador anonymo refocillar-se nas trévas onde vive e atè mesmo deixal-o suppôr que suas objurgatorias não attingiram, ao menos, ao salto das minhas botas.
Qual o caracter, que apezar da maior inteireza, ao atravessar as agitações da vida publica, nâo sentio, ao menos uma vêz, o bafio, as lufadas mornas e morbidas da calumnia querendo açoitar a face branca da honra inmaculada?
Só os nullos - aquelles cujos actos não foram jamais ponderados e não tiveram cotação na variedade multipla das agitações humanas.
Esses felizes imunines costumam atravessar a vida "em branca nuvem".
Aquelles porem como nós, arregimentadas onde quiçá mais acêza vae a luta pela existencia, sobraçando os pezados deveres de uma profissão aliás nobre, mas quazi sempre ingrata, estão naturalmente sujeitos ao fluxo e refluxo dos interesses que contrarião.
A calumnia e a injuria pois, pelos contrariados ou assalariados destes, nos são communs; mas inteiramente inocuas, principalmente quando vão refractar de encontro a um passado já illuminado pelo sól limpido de mais de quarenta annos, vividos á sombra de todos os deveres que nobilitam o homem.
E impossivel seria a perseverança na honra, se ella se achasse inteiramente desabrigada e a mercê de quanto A pulchro por ahi vegeta ferindo nas trèvas.
Não — isso não nos preocupa.
A consciencia da honradez tambem é uma immunidade.
Descançamos no juizo dos contemporaneos, cujo julgamento de front erguida provocamos.
O que nos ferio, o que naturalmente provocou toda a nossa repulsa e mesmo um brado de indignação, foi o procedimento, foi o procedimento do velho orgam de um partido, deixando-se mistificar grosseiramente e consentindo que lá das ameias do velho castello, onde tantas vezes expuz o peito á sanha do inimigo, comdenado e galhardia, um desequilibrado, enrolando-se nessa mesma bandeira que me cobrio nos momentos da luta, viesse alvejar o peito leal de um soldado e isto no mesmo momento em que elle arrastava os perigos e ia ao campo inimigo disputar ao adversario commum, a salvação de um companheiro cuja honra estava em perigo!
Espliquemo-nos.
Ramão Soares da Silva, federalista, foi caluniado por Fortunato Teixeira da Roza, que alem de governista, tinha as simpathias e protecção dos chefes governistas locaes, sugestionados por influencias politicas do 4º districto; os quaes, sem rebuço patrocinaram a cauza de Fortunato, contra nosso constituinte e companheiro politico.
Ahi estão no processo crime que intentei contra Fortunato as provas do que avanço.
Pois bem apezar da acção quazi sempre preponderante das influencias e chefias locaes em assumptos desta ordem, eu consegui da justiça da terra, tal a sua correcção, o triumpho completo dos direitos inquestionaveis de meu constituinte e companheiro politico.
Mais tarde, quando saboreavamos modestamente e em silencio semelhante e almejado triumpho, surge pelas columnas da "Reforma,, uma verrina, escripta desta cidade e atacando-se desabridamente a todos que tinham collaborado directa ou indirectamente para o rezultado alludido.
Era uma violencia sem nome! Tinha sido uma extorção collossal e quiçá infame o triumpho do pobre maragato!
Tudo isto disse o missivista da Reforma.
Nós, aturdidos em face de semelhante supreza e cumprindo o mais elementar dos deveres, viemos á imprensa restabelecer a verdade do facto adulteado e o fizemos pelas columnas livres do "Cruz Alta" sob nº 32.
Isto valeu-nos a saraivada de doestos infamantes que a Reforma ainda agasalhou em sua folha de 'I'. de Setembro ultimo.
Voltamos de novo á imprensa e naturalmente indignados, concitamos o adversario a despir o anonymato, sempre infamente, quando brutalmente agressivo e de modo a estabelecermos a luta, de fronte descuberta e no terreno onde os cavalheiros esgrimem com dignidade e brio.
A resposta, depois de larga e pesada incubação, foi uma nova reedição de infamias, cada qual mais brutal e todas veladas como o proprio calumniador contumaz.
Agora que temos esclarecido convenientemente a opinião sobre o cazo, aguardamos com ufania o julgamento dos bons e tranquillos voltamos á nossa obscuridade.
Cruz Alta 15 Outubro 1899.
Diniz Dias.
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